Qual o signicado religioso e humano da Páscoa?
Qual o signicado religioso e humano da Páscoa?
Publicado em: 20/04/2025 às 05h49A Páscoa é uma celebração judaica instituída por Moisés seguindo uma ordem específica do próprio Deus. O significado da Páscoa para os cristãos está diretamente relacionado à morte e ressurreição de Cristo.
A primeira Páscoa judaica foi realizada no mês de Abibe (posteriormente chamado de Nisã), que corresponde ao período entre Março e Abril em nosso calendário. Esse mês se tornou o primeiro mês do calendário judaico. A Páscoa também está ligada à Festa dos Pães Asmos e a dedicação dos primogênitos.
O que significa “Páscoa”?
A palavra Páscoa significa “passar por cima”, do hebraico pessach, derivado do verbo passah, “saltar” ou “passar”. Este significado faz referência à ocasião em que Deus enviou a décima praga sobre o Egito. Essa décima praga resultou na morte de todos os primogênitos, mas os israelitas nada sofreram.
Portanto, quando o juízo de Deus atingiu os egípcios, as casas dos israelitas que estavam marcadas com o sangue do cordeiro que havia sido sacrificado foram poupadas. Desse modo, o significado “passar por cima” transmite o sentido de “poupar”, ou seja, passar por cima por misericórdia. O juízo de Deus “passou por cima” dos israelitas.
A história da Páscoa
Cerca de 500 anos antes da instituição da Páscoa, Deus falou com Abraão acerca do futuro de sua descendência, o povo de Israel. O Senhor o avisou de que os israelitas seriam peregrinos em terra alheia. Eles seriam reduzidos à escravidão e oprimidos por 400 anos. Porém Deus também prometeu que julgaria a nação que dominaria seu povo, libertando-o da opressão (Gênesis 15:13,14).
Mais tarde, José, bisneto de Abraão, foi traído por seus irmãos e vendido como escravo, e acabou parando no Egito. Depois de enfrentar muitas dificuldades, segundo o plano soberano de Deus, José se tornou o governador do Egito, ao liderar as ações que garantiram que o Egito tivesse mantimento numa época de terrível escassez.
A crise levou a casa de Jacó até o Egito em busca de alimento. Então eles descobriram que José havia sido exaltado por Deus naquela terra, e que ali a descendência de Abraão sobreviveria. Durante algum tempo os israelitas viveram com dignidade no Egito. Mas José e toda aquela geração morreram, e chegou o tempo em que se levantou um faraó que não conhecia José, e escravizou o povo de Israel (Êxodo 1:6-11).
Depois de 400 anos que os israelitas estavam no Egito, Deus levantou Moisés como libertador de seu povo. Esse processo envolveu dez pragas que o Senhor enviou ao Egito. Foi a última praga, que consistiu na morte dos primogênitos do Egito, o episódio que deu origem a celebração da Páscoa.
A origem e o significado da Páscoa judaica
Quando Deus anunciou a décima praga, Ele também deu instruções a Moisés de como os israelitas deveriam proceder. O Senhor ordenou que eles sacrificassem um cordeiro ou cabrito macho sem defeito no décimo quarto dia do mês de Abibe, e espargisse o sangue do cordeiro nos umbrais e no alto dos batentes das portas de suas casas.
Eles deveriam comer a carne do cordeiro assada no fogo, acompanhada de pães asmos e ervas amargas. Aqui podemos fazer as seguintes observações:
Pães asmos: eram pães sem levedura, ou seja, sem fermento. Os pães asmos deveriam ser comidos como lembrança da pressa durante o êxodo. Ervas amargas: essas ervas estavam diretamente associadas ao sofrimento e a aflição dos tempos de escravidão (cf. Lamentações 3:15).
O Senhor também ordenou que eles comessem com pressa, com “os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão”, pois naquela mesma noite Deus passaria sobre o Egito (Êxodo 12:11).
Quando o juízo de Deus atingiu o Egito, morreram todos os primogênitos, desde os homens até os animais. Isto também significou a completa derrota dos deuses do Egito. O significado da Páscoa judaica está claramente registrado no livro do Êxodo, quando lemos:
E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que rito é este? Respondereis: Este é o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou (Êxodo 12:26,27)
A Páscoa na época de Jesus
Os Evangelhos trazem várias passagens que relatam a celebração da Páscoa durante a vida de Jesus. Nosso Senhor era levado por seus pais a Jerusalém todos os anos para a Festa da Páscoa (Lucas 2:41). No Evangelho de João, por exemplo, encontramos pelo menos quatro referências à Festa da Páscoa (João 2:13,23; 6:4; 11:55; 12:1; 13:1; 18:28,39; 19:14).
Nessa época, o cordeiro era sacrificado na área do Templo, e seu sangue era lançado por um sacerdote sobre o altar. A refeição pascal podia ser comida em qualquer casa da cidade. Era comum os judeus se reunirem em grupos, assim como o grupo de Jesus e seus discípulos que se reuniu no Cenáculo, formando um tipo de unidade familiar.
Por ocasião da Páscoa, acredita-se que entre 60 e até 180 mil judeus compareciam a Jerusalém. Obviamente a maioria deles era formada por judeus da Diáspora, ou seja, judeus que viviam fora da Palestina. Os gentios não podiam participar da Páscoa, porém os prosélitos que aceitassem satisfazer as condições exigidas para tal celebração podiam participar dela.
Depois da queda de Jerusalém e da consequente destruição do Templo em 70 d.C., a Páscoa judaica passou a ser uma celebração intima e familiar, mais próxima do que foi no Êxodo, já que não era mais possível realizar todo o ritual feito no Templo.
O significado da Páscoa para os cristãos: Jesus e a Páscoa
O profeta Isaías profetizou acerca do Messias dizendo que como um cordeiro ele foi levado ao matadouro (Isaías 53:7). João Batista, falando acerca de Jesus, fez a importante declaração: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
Jesus foi traído, preso e crucificado durante a Festa da Páscoa em Jerusalém. Tudo isso ocorreu, muito provavelmente, numa sexta-feira, embora alguns defendam a quarta-feira. Considerando a sexta-feira como a melhor posição, então na quinta-feira à noite Jesus e seus discípulos comeram o cordeiro pascal em Jerusalém.
Aquela foi a última ceia pascal, ou seja, a última vez que a instrução dada ainda no Egito deveria ser observada. Após aquele momento, ninguém mais deveria sacrificar um cordeiro, assá-lo e comê-lo com ervas amargas e pães asmos.
O Cordeiro de Deus seria sacrificado, num sacrifício perfeito e definitivo, sem a necessidade de qualquer complemento. Ao invés da carne de cordeiro assada, das ervas amargas e dos pães asmos, nosso Senhor instituiu o pão e o vinho em memória dele. Ao comermos o pão, nos lembramos de seu corpo partido; e quando tomamos o cálice, nos lembramos do seu sangue derramado.
A última Páscoa deu lugar à primeira Ceia do Senhor, ou seja, a Páscoa passou a ser a Ceia do Senhor. Também é interessante notarmos que a Páscoa apontava para o futuro, para frente, era o símbolo do que haveria de vir. Já a Ceia do Senhor aponta para o passado, para trás, como símbolo da promessa que se cumpriu.